O livro infantil ilustrado torna-se digital: book-apps como artefatos cognitivos

A disseminação, na última década, de dispositivos computacionais portáteis, como tablets e smartphones, influenciou o desenvolvimento de experiências de storytelling digitais como os e-picturebooks, experiências com recursos ainda mais diversos que os e-books (livros digitais) produzidos para os primeiros e-readers (dispositivos dedicados à leitura digital). O objetivo deste artigo é descrever as mudanças incorporadas nesse correspondente digital do livro ilustrado e propôr uma estrutura teórica para analisar as consequências resultantes da introdução de dispositivos computacionais portáteis no domínio das narrativas ilustradas, definindo seus recursos como novos artefatos cognitivos. Em Ciência Cognitiva, artefatos cognitivos são descritos como ferramentas que modificam e ampliam as tarefas cognitivas, criando problemas e novos espaços de soluções concebíveis. O propósito é analisar um tipo específico de e-picturebook, os book-apps. Como fonte de exemplos elucidativos, nos concentramos no Bologna Ragazzi Digital Award, premiação da Bologna Children’s Book Fair. O prêmio vem sendo oferecido desde 2012 aos melhores book- apps infantojuvenis de cada ano. Os vencedores e menções honrosas do período 2012-2015 na categoria “Ficção” totalizam doze títulos.